10 julho, 2007

Sindicalismo

Com a Revolução Industrial surgiram os sindicatos. Era uma época em que as empresas eram dirigidas num estilo feudal e os seus trabalhadores eram vistos pelo dono da empresa como uma mera extensão da máquina em que mexiam. Graças à luta dos sindicatos, a sociedade hoje aceita como pedras basilares do pacto social o fim de semana de dois dias sem trabalho, o ordenado mínimo, os subsídio de férias e de Natal e a semana de 40 horas de trabalho. Foram conquistas importantes para os trabalhadores, que viram assim recompensado o seu trabalho com os benefícios justos.

Percorremos um longo caminho desde a revolução industrial. Actualmente, a satisfação das necessidades dos trabalhadores é uma das maiores prioridades para os gestores das empresas de sucesso. O patrão tirano e todo-poderoso que escravizava os seus empregados deu lugar à relação de parceria entre a administração da empresa e os seus recursos humanos. O ambiente hostil de guerra constante entre patronato e proletariado foi substituído por relações ganho-ganho assentes no diálogo e na honestidade.

A guerra acabou! Mas o sindicalista português não baixou as armas. Porquê?

Porque o sindicalista tem medo de estar obsoleto. Aquele que passou a vida a defender os direitos dos trabalhadores, que lutou contra o poderio do patronato, que foi um verdadeiro soldado desta guerra social, corre o risco de parecer inútil em tempo de paz. Por isso tenta fazer parecer que ainda há guerra. Protesta. Grita. Reclama. Exige tudo e mais alguma coisa.

Uma empresa tem de saber gerir o equilíbrio entre os seus vários interessados - clientes, trabalhadores, accionistas, sociedade, etc - sob pena de não ser viável. O sindicalista tem de ter esta visão global, a bem de todos. De que vale conseguir excelentes ordenados para os trabalhadores, se passado um ano a empresa falir porque não conseguiu acompanhar as exigências dos clientes?

Será que os sindicalistas não conseguem ver isto? Ou será que simplesmente não querem diminuir o tom vociferante das suas exigências para não parecerem "em conluio com os patrões", mantendo assim o posto?