30 janeiro, 2008

Política nos Estados Unidos da América - Política em Portugal

2008 é ano de eleições presidenciais nos Estados Unidos da América. Mas não serão apenas mais umas eleições presidenciais. São inéditas em muitos aspectos, um deles sendo a inexistência de um candidato da actual administração Bush.

No início de Janeiro decidi começar a acompanhar de perto estas eleições, em parte motivado pela atenção mediática que estava a ter, mas principalmente por acreditar, tendo por exemplo o passado recente, que a eleição do Presidente dos Estados Unidos é algo que afecta grandemente a vida política europeia.



A primeira coisa a que me demorei a adaptar foi ao sistema eleitoral. Não são eleições directas, nas quais o eleitorado vota nos candidatos e quem tem mais votos ganha. O eleitorado vota sim nos delegados dos candidatos, delegados esses que votam num colégio eleitoral. Ou seja, quem consegue mais delegados ganha as eleições.

Mas uma diferença ainda maior é o conceito das "primárias". O que neste momento decorre nos EUA são as eleições primárias, nas quais os dois grandes partidos - Democrático e Republicano - organizam eleições para definir qual é o candidato que irão apoiar nas eleições presidenciais.

No início, eu achava que este sistema causava demasiada burocratização das eleições e um período eleitoral demasiado alongado. Porque é que os partidos não definem internamente que candidato apoiar nas eleições, como se faz cá?

Entretanto reparei que há casos da nossa vida política que podem indicar que o sistema americano é melhor. Nas últimas Eleições Presidenciais que decorreram em Portugal, em Janeiro de 2006, Mário Soares, candidato oficialmente apoiado pelo PS, teve um resultado eleitoral inferior ao de Manuel Alegre, candidato independente mas também militante do PS desde a sua fundação. Isto indicou claramente que os eleitores portugueses, nomeadamente os apoiantes do PS, preferiam Manuel Alegre a Mário Soares para Presidente da República, ao contrário da opinião interna do PS.

Isto levanta uma questão preocupante: quem é que afinal tem o poder nas eleições em Portugal? Os eleitores todos do país ou os militantes dos dois grandes partidos? Sim, porque nós todos apenas votamos nas pessoas que os partidos, internamente, decidiram levar a eleição ou, em raros casos, independentes com capacidade monetária suficiente para efectuar uma campanha eleitoral. Mas quem na verdade decide o Presidente ou o Primeiro-Ministro são os militantes do PS e do PSD.



Outra curiosidade da política americana é o sistema bi-partidário implantado nos EUA. Embora actualmente em Portugal existam apenas dois partidos com condições de liderarem um governo (embora ocasionalmente em coligação com um outro partido), há cinco partidos que consistentemente têm assento na Assembleia da República, fazendo parte da vida política activa e mediática a nível nacional.

Nos EUA existem apenas dois grandes, enormes, gigantes partidos com influência na política nacional, por razões históricas que nem eu sei muito bem. Isto sempre me pareceu e ainda me parece limitador da variedade de ideias que é tão importante em democracia. Mas o que ainda é mais curioso é o quadrante político em que estes partidos se inserem. Há uma semana, à conversa com amigos meus que também têm acompanhado de perto estas eleições, conseguimos fazer o paralelo entre os partidos americanos e portugueses.

Os Democratas são um partido centrista, abrangendo o nosso PSD e provavelmente também o PS. Embora existam várias correntes dentro do partido, como em qualquer outro, de uma forma geral defende um sistema de saúde universal para o país, é contra a Guerra no Iraque e aplicação de mais fundos à Defesa, e tem opinião favorável relativamente aos casamentos homossexuais e à despenalização do aborto.

Os Republicanos são um partido de direita, abrangendo desde a ala conservadora do CDS-PP até aos moderados (se existirem) do PNR. Defendem menos impostos e maior liberdade económica, são altamente guiados pelos valores da família e da religião e consideram a Defesa uma prioridade na manutenção da liberdade dos cidadãos americanos.

Eu considero-me de Direita. Este blog até se chama Prioridade à Direita, parcialmente por causa da minha posição face à política, no âmbito nacional e europeu. Mas no que diz respeito à política americana, acho o Partido Republicano uma assustadora coligação de fanáticos religiosos de limitada formação académica, lobbyistas das grandes corporações e conservadores pró-armamento.

Como Europeu, nestas eleições apoio incondicionalmente Barack Obama, um candidato Democrata com um discurso incrivelmente inspirador e idealista, que neste momento concorre nas primárias apenas contra Hillary Clinton, depois da desistência de John Edwards, há algumas horas atrás.

No que diz respeito aos EUA: Prioridade à Esquerda!

16 janeiro, 2008

Manobras Perigosas - Conduzir pela Esquerda

Depois de um hiato de mais de três meses, tenho algo novo a partilhar.



Este vídeo, que já tem mais de um ano, tem um factor de espectacularidade "street racer" bastante grande. No entanto, é um bom exemplo daquilo que eu considero ser, na verdade, a principal causa directa de acidentes rodoviários graves: as manobras perigosas.

O condutor aqui retratado vai a alta velocidade, sem dúvida, mas eu defendo que isso só por isso não é inseguro. Agora quando ele faz ultrapassagens por entre espaços pouco maiores que o próprio carro, pela direita, ou mesmo por cima das raias delimitadoras de uma saída, aí sim, isso é extremamente perigoso.

Coisas como estas (embora não tão hardcore, admito) são comuns nas auto-estradas portuguesa, mas pouco penalizadas. Para combater este problema é necessário mais câmaras de vídeo e mais patrulha em carros descaracterizados. Mas a aposta em Portugal é, infelizmente, nos radares de velocidade.

E podia acabar aqui o post, mas aí não estava a ser honesto comigo mesmo. Tenho de confessar os meus pecados nesta temática.

A verdade é que às vezes "sou forçado" a fazer manobras perigosas, como ultrapassagens pela direita, quando aqueles condutores mais burros insistem em conduzir pela esquerda (fora das localidades), mesmo quando não estão a ultrapassar. Há até situações em que não há sequer outros carros à vista, mas o burro lá vai, pela esquerda, mesmo quando eu me aproximo.

Eu nesses casos costumo, com antecedência, dar um sinal curto de máximos. Isto não é um sinal suficientemente claro para alguns, pelo que aumento gradualmente a frequência e a agressividade dos sinais. Dou até uma boa buzinadela agressiva, até desistir. Se nada disto funciona, ultrapasso-o pela direita e faço-lhe o belo sinal gestual apropriado à situação. Não, não é aquele com o dedo médio, é um gesto com o indicador a apontar-lhe para se chegar à direita. Mas há quem se chateie com isso.

Por isso é que defendo multar a malta que, fora das localidades, circula pela esquerda quando tem espaço à direita. O Código também defende isso, mas na prática só se recebe multas de estacionamento, velocidade, semáforos vermelhos e linhas contínuas. Que tristeza.