02 maio, 2007

Exame Periódico Obrigatório

Para se tirar a carta de condução, todos tivemos um mínimo de 30 horas de aulas teóricas e 30 horas de aulas práticas, a não ser que tenham tido a hipótese (e a vontade) de simular presenças em algumas aulas. Seja como fôr, todos passamos por um exame teórico e um exame prático, que nos concedeu a carta de condução. Nada de novo até agora.

Perto do fim das minhas aulas práticas de condução, inseguro da minha capacidade como condutor novato, perguntei ao meu instrutor, o Sr. Nélson da ACP Porto, se estaria preparado para o exame. Ele respondeu, pragmático, que o exame visava apenas testar se eu tinha um mínimo de competências de condução e que o resto viria com a experiência. Acho bem, sim senhor, ninguém tem de ser um ás do volante, nem sequer um bom condutor, ao fim de 30 horas de condução.

Mas ao fim dos dois primeiros anos de carta, nos quais esta é provisória, não deveria ser avaliada a evolução do condutor e a sua capacidade na actualidade? E depois, ao fim de dez anos de carta? E ao fim de vinte?

Pela legislação em vigor, apenas aos 65 e aos 70 anos (e a partir daí, de dois em dois anos) és "reavaliado" na tua capacidade de condução. E digo "reavaliado", porque é uma avaliação muito pobrezinha. Basta um atestado médico. Mais nada.

Não existe nenhum mecanismo previsto para avaliar os condutores regularmente. Através de um qualquer Exame Periódico Obrigatório - EPO (nome que inventei, inspirado na Inspecção Periódica Obrigatória), com componente teórica e prática, esse acompanhamento e monitorização da capacidade dos condutores seria uma realidade.

Com a componente prática iriam ser avaliadas as capacidades técnicas de condução, de uma forma mais exigente do que no Exame de Conudção, de forma a detectar e impedir de conduzir aqueles que perderam ou que nunca realmente adquiriram capacidades de condução.

A componente teórica iria versar sobre o Código de Estrada em vigor, obrigando os condutores a informarem-se sobre alterações que tenham ocorrido desde que tiraram a carta (ou desde o EPO anterior).

O EPO iria com certeza prevenir muitos acidentes por ano, ajudando a tirar Portugal do fundo das estatísticas europeias.

Esta minha ideia não é recente, mas esta semana senti-me compelido a partilhá-la, pela quantidade absurda de maus condutores com que me tenho cruzado nos últimos dias: uns a conduzir no meio de ruas de dois sentidos e mesmo a conduzir pela esquerda, outros a conduzir à noite sem luzes, outros com máximos em auto-estrada e ainda um carro a andar a 30km/h na VCI.

Mas o prémio desta semana vai para a rapariga que hoje tentou entrar na Rua Dr. Roberto Frias, vinda duma pequena ruela entre a FEUP e a FEP, quando eu ia para FEUP. Sem olhar para o sentido que eu estava a tomar, estava apenas de cabeça virada para o sentido contrário, não me tendo visto a aproximar. Começa então a avançar lentamente para entrar na rua onde eu estava, achando que não vinha ninguém do meu lado. Ocupou metade da minha faixa com a frente do carro, obrigando-me a travar bastante, até que reparou em mim quando eu buzinei. Aí finalmente travou.

Por um Portugal com melhores condutores e menos acidentes, vota Sim num potencial referendo acerca do EPO!

4 comentários:

Anónimo disse...

Realmente é inacreditável a falta de avaliação practica que existe.
Concordo plenamente contigo quando dizes que ao fim de dois anos os condutores iniciantes deveriam refazer o exame practico, no entanto provavelmente passaria para 1 ano, para cortar a árvore pela raíz.
Tenho alguns amigos meus que tiraram a carta e nunca mais conduziram, conheço até um que tirou a carta por volta dos 20 anos e teve o primeiro carro aos 40, contudo teve o bom senso de se inscrever numa escola de condução para ter algumas aulas practicas.
É que eu lembro-me perfeitamente que depois de ter a carta se ficava uma semana sem conduzir, depois já me custava bastante mais pegar no carro, agora imagino estas pessoas que só pega em carros aos fins de semana ou uma vez por mês, torna-se muito complicado. Andar de carro não é o mesmo que andar de bicicleta, uma pessoa de carro esque e de bicicleta não.
Lembro-me também do meus instrutor de condução dizer que de 2 em dois anos ia um senhor ao ACP fazer umas aulas practicas para eliminar possiveis maus vicios que tenha ganho à custa da má condução da população ideal, claro que eu acho isso um exagero, mas para algumas pessoas isso seria bastante necessário.

n-link disse...

Que seco Enterra.Só li este post, e imaginando que o resto seria igual fiquei-me por aqui.1 posto sobre o código e condução é giro..mas um blog?
Nao vale a pena criticar o meu blog, eu ja o abandonei a uns tempitos..

António disse...

Apoiado. Eu até iria mais longe, que os exames períodicos deveriam ser acompanhados por um exame do foro psicológico. Para procurar evitar aqueles "assassinos" e os "domingueiros" isto porque apesar de correr o risco de levantar vozes de protesto, como ai e tal e a pobrezinha que precisa de ir para o trabalho. Pois acredito, mas nem todos nascemos para ser atletas de alta competição, nem todos nascemos para ser bibliotecários e nem todos nascemos para ser condutores. E como tal acho que com pessoas mais responsáveis e decididas (porque as vezes aquelas indecisões matam) certamente não teriamos os problemas que temos nas estradas.

Anónimo disse...

fds obla...tens a noção da logística? que utopia! deves viver com a alice no país das maravilhas! wtf omg