01 setembro, 2007

Em Espanha

Amigos meus sabem que digo regularmente que, se mandasse no mundo, nivelava Espanha duma ponta à outra e construía lá um parque de estacionamento. Nessas alturas costumo defender esta ideia, dizendo que dava jeito, pra quem às vezes quer ir a Vila Real de Santo António ou a Valença e não tem onde parar o carro, que assim estacionava em Espanha e depois ia a pé. Era prático.

Este sentimento algo negativo para com a nação vizinha deriva de sucessivas interacções menos felizes com alguns dos seus nativos. Há quem saiba da dificuldade que tive em me expressar em Salamanca, quando fui lá para lanchar uns simples churros, por exemplo. Mas não é para discutir os problemas linguísticos que escrevi este post.

Já me tinha dado a impressão que os espanhl médio não é grande condutor quando, no ano passado, me perdi a voltar de Sevilha. Nessa altura andei por umas nacionais m(ont)anhosas e deparei-me, carro após carro, com malta que insistia em andar sempre de máximos ligados, venham ou não venham carros no sentido contrário. Aquilo que em Portugal é uma Contra-Ordenação Muito Grave é, em Espanha, prática comum.

Este ano voltei a Espanha para passar uma semana em La Manga del Mar Menor, que fica a pouco mais de 1000 kilómetros do Porto. Conduzi bastantes horas nas autopistas e autovías espanholas, experiência que recomendo vivamente a quem ache que os portugueses conduzem mal em auto-estrada.

Imaginemos uma situação típica em auto-estrada. Alguns carros mais rápidos a irem na faixa da esquerda e outros mais lentos a irem na faixa da direita. Alguém na faixa da direita quer ir para a faixa da esquerda para ultrapassar os carros que estão à sua frente, mas vê carros na faixa da esquerda.
Comportamento do português médio: espera que haja condições que lhe permitam meter-se na faixa da esquerda sem obrigar ninguém a travar por causa dele.
Comportamento do espanhol médio: vai para a faixa da esquerda no primeiro espaço em que caiba o seu carro.

Tive que travar dezenas e dezenas de vezes por causa de situações como esta, às vezes bruscamente de 170km/h para 120km/h. Há quem defenda que eu é que estou mal, porque não posso exceder o limite de velocidade imposto, mas no que diz respeito a esta situação em particular, em caso de acidente, o código defende-me. Embora eu possa ser multado por excesso de velocidade, o código obriga os condutores a verificarem se têm condições de segurança (espaço e tempo suficientes) antes de mudarem de faixa. Assim, é o seguro dele que paga o estrago do meu carro.

Mas não só os condutores que são maus. Já não me lembrava de quão estúpido é o sistema de estações de serviço que eles têm. Cá, nas auto-estradas, uma área de serviço está sempre localizada junto à auto-estrada em que se circula, tendo apenas acesso de e para essa mesma auto-estrada. Para além disso, para além de posto de abastecimento, aparelho para verificação da pressão dos pneus, casas de banho, loja de conveniência, café tem por vezes oficina ou restaurante; em alguns casos, se bem que raros, até tem um motel. Em Espanha a realidade é bem diferente. Aquilo que lá se chama vía de servicio é muitas vezes apenas um posto de abastecimento rasca (nem sempre com casas de banho públicas) que tanto pode estar localizado ao lado da auto-estrada como na vila que se encontra a 5km. Isto apenas não acontece nas auto-estradas em que efectivamente se paga portagem, em que aí as áreas de serviço são normais. Feliz ou infelizmente, as portagens em Espanha não são muito comuns.

Pelo lado positivo, o gasóleo é em média a €0,96/l (menos €0,8/l que cá) e a gasolina de 95 octanas é em média a €1,05/l (menos €0,25/l que cá).

Que cães. Era de se fazer o tal parque de estacionamento.

Nota de rodapé: os comentários passíveis de serem lidos como xenofobia, extremismo ou violência não devem ser levados demasiado a sério. Só um bocadinho. Mas não muito.

Segunda nota de rodapé: eu não sou do PNR. Não, não sou mesmo. Aliás, era um partido para ir à vida, esse. E já agora o PND também. Abaixo o euro-cepticismo.

4 comentários:

Mário Amorim Lopes disse...

Subscrevo a tua segunda nota de rodapé. Mas, por outro lado, também é bom que eles existam para os usarmos como exemplo daquilo a que nunca nos devemos tornar.

Ricardo "Rabelo" Pedrosa disse...

Não sei em que país vives, mas no meu, à data do teu post, o gasóleo custa, a preço normal, cerca de €1,09! A poupança é ainda maior! :P (mas eu meto a €1,02! :P) Quanto ao post em si, prefiro a técnica do muro alto à volta de Espanha, atestado de água até cima! Vê-los a boiar devia ser um espectáculo bonito! :D A única malta que ainda se safa, são os da Galiza, que costumam ser porreiros... Por alguma razão muitos dizem que preferiam pertencer a Portugal... Bendito o ano de 1640!

António disse...

Bem realmente tenho a dizer que a parte dos espanhóis dizerem que não percebem português sempre me irritou. Ainda por cima quando dão as suas voltas por Portugal nem se esforçam para se fazeerem entender. Mas vá lá, não são só eles. Os franceses ainda são piores.
Quanto à condução, bem, como não costumo ir muito para aquelas bancas ainda não me deparei com essa problemática.

Anónimo disse...

Puta que os pariu..se bem que elas..